Na rede

quarta-feira, fevereiro 26, 2003

FCC e Anatel
- Como (des)regular o mercado de acesso a Internet

A questão da regulamentação das telecomunicações
no que se refere ao acesso à Internet têm sido objeto de muita
argumentação e disputa em todo o mundo. Ainda na semana passada
o FCC americano votou
um conjunto de regulamentações
, o qual foi considerado
incoerente
pelo próprio Chairman da comissão, Michael Powell.
Tentar entender agora o que se passa no contexto norte-americano pode ajudar-nos
a antecipar situações futuras do nosso mercado.


Está claro que as entidades que se fazem representar no FCC, incluindo
as chamadas baby "Bells" (Verizon, BellSouth, SBC e Qwest), telecoms
de atuação regional, e as grandes AT&T e Worldcom, assim como
as empresas do setor de tecnologia (que no caso também se dividem em
fornecedores de software, de hardware, e provedores de serviço de acesso),
como no Brasil, não estão conseguindo chegar a um acordo sobre
como repartir o mercado.


Arrisco afirmar que a maioria destas empresas ainda não entenderam bem
a dinâmica da Internet, e por terem dificuldade de conceber o próprio
espaço no cenário futuro do mercado de acesso, ficam paranóicas
e batendo cabeça no intenso lobby sobre as instâncias reguladoras,
gerando normatizações
incoerentes
que terão como resultado entupir os tribunais de questionamentos
legais nos próximos meses. O sindicato dos lobistas e dos advogados só
têm a agradecer.


Aqui no Brasil estamos por aguardar a consolidação da Consulta
417
pela Anatel,
e bom seria se os responsáveis pelos resultados do processo estivessem
acompanhando de perto a bagunça que o FCC está causando por lá,
e tentassem evitar a possibilidade da Anatel repetir a lambança por aqui.
Rogério
Gonçalves
no Observatório
dá as últimas informações sobre o processo, colocando
esperanças numa melhora da formação do Conselho Consultivo
da agência, que hoje tem vários membros que também são
dirigentes de telecons(!). Assim dá até para dispensar o lobby...







O fenômeno wireless

the last mile


No momento existe um fator que precisa ser incluído com urgência
na presente discussão - a tecnologia
wireless como solução
para a conexão final da Internet
aos usuários. A Lei
de Moore
determina que a tecnologia de pacotes do protocolo Internet irá
dominar o mercado de telecomunicações, eliminando o protocolo
de circuitos das linhas telefônicas que utiliza ineficientemente o espectro.
A novidade é que a mesma lei agora começa a ter impacto no uso
do espectro wireless. Como?


O modelo tradicional funciona hoje alocando bandas de espectro de rádio
para usuários particulares, como por exemplo, os canais de televisão.
O novo modelo
propõe a livre utilização do espectro (Open
Spectrum
), deixando que a aumentada capacidade dos modernos receptores selecionem
as mensagens. Tais receptores irão aumentar a eficiência das bandas
de espectro valendo-se do desenvolvimento contínuo de sua capacidade
de processamento. Adivinhe qual modelo será diretamente alavancado pela
Lei de Moore?


Visão de futuro:
hoje estou conectando
pontos de acesso
wireless aqui na minha comunidade para compartilhar uma
conexão banda larga via cable modem. Imagino que rapidamente este modelo
de acesso irá dançar, e eu estarei conectado diretamente a uma
rede wireless local (pública, comercial ou comunitária), e esta
se ligará diretamente a um transmissor acoplado no backbone da Internet.
Tecnologias que indicam
este caminho
para o acesso dos usuários finais estão surgindo
a cada instante. Quem sabe a minha pequena rede não é o embrião
da organização quer irá reunir os usuários finais
do vale onde moro em um projeto comunitário
mais amplo
, que irá se ligar diretamente ao backbone da rede se utilizando
das facilidades do modelo de espectro
aberto
?


A rede de comunicação do futuro terá, ao que tudo indica,
um esqueleto de cabos e uma pele wireless.