Na rede

terça-feira, setembro 30, 2003

Mais tiros na propriedade intelectual
- Ou "como se livrar de uma péssima idéia?"

Ao ver o artigo "Um
Passeio pela História das Patentes
", publicado ontem no
NYTimes
, que apresenta o estudo
da Profª Petra Moser
sobre a eficácia da política de
patentes para o incentivo à inovação através de
uma análise dos catálogos de invenções das grandes
feiras científicas mundiais - como a exibição
do Palácio de Cristal em Londres em 1851
, e a exibição
do Século na Filadélfia em 1876
-, não pude deixar
de providenciar uma
tradução
para o Ecologia
Digital
. Uma das conclusões da Professora Moser é que países
em desenvolvimento como a Índia, que está se preparando para total
aquiescência ao tratado internacional de patentes em 2005, estariam melhores
sem fortes leis de patente
.


Portanto não é apenas o novo ambiente digital e suas inovadoras
possibilidades de multiplicação e distribuição o
responsável pelos sérios questionamentos que as políticas
de propriedade intelectual vêm sofrendo nos últimos tempos. Ao
que parece, a inovação em si é inimiga de toda e qualquer
restrição baseada em controle de propriedade intelectual, e apenas
em ambientes econômicos muito específicos parece ter mostrado eficácia
para promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Da forma como
a conhecemos parece estar sempre a serviço da acumulação
de capital, trazendo como subproduto a intervenção institucionalizada
nas liberdades individuais, e forte interferência nas capacidades de produção
de cultura e conhecimento.


Enquanto
isso, na parte que toca mais diretamente à rede, a RIAA parece estar
conseguindo
êxito
na sua temporada de caça aos file-sharers americanos,
pois o uso do Kazaa
por lá baixou 41% (veja relatório
do Nielsen/NetRatings
) nos últimos 3 meses. Mas a guerra não
está ganha, e as gravadoras conseguiram muitos
inimigos
pelo caminho, e o uso do DMCA
para a obtenção
da identidade
dos usuários que baixaram arquivos vem sendo duramente
atacado
por grupos de defesa dos direitos
humanos, e portanto o ambiente é propício para a argumentação.
Não temos os números, mas acho que aqui no Brasil a turma não
tá nem aí pra RIAA


E para arrematar: ao pesquisar sobre a quantas anda o desenvolvimento da máquina
de CDs
, alternativa tupiniquim ao paradigma da distribuição
digital de conteúdo, eis que deparo com a disputa entre os que se declaram
"donos" da idéia ("Inventores
disputam máquina de CDs
"), que rendeu trecho imperdível
na Folha Online:




"A máquina
deles está no papel, a nossa já existe e está em funcionamento
",
diz Álvaro de Castro - dono da gravadora independente Kviar,
que já comercializa CDs personalizados pela internet - afirmando
que negocia com um grande grupo financeiro a viabilização
de seu projeto.


Nelson Martins o rebate,
afirmando que patenteou sua invenção há três
anos e que, pela lei de patentes, vale a anterioridade de sua invenção.
"Qualquer um pode fazer uma máquina como essa, mas ninguém
pode explorar, porque a propriedade é minha. Se descobrir que estão
comercializando, entro com mandado de busca e apreensão
",
afirma Martins.


Castro o contradiz, de
novo: "Não há patente viável aqui, porque a
máquina não é uma nova tecnologia. É uma caixa
com um computador com gravador de CD
".


Enquanto os inventores
batem boca, as grandes gravadoras, ao menos oficialmente, assistem impassíveis
à intensificação da corrida por novos formatos musicais.




No clima.

segunda-feira, setembro 22, 2003

A Verisign "quebrou" a Internet?
- A reação da rede ao ataque do monopolista

O
serviço "Site
Finder
", lançado no último dia 15, foi duramente criticado
por "sequestrar" endereços com erros de digitação.
Ao invés de receber uma mensagem de erro, quem se enganou ao digitar
um domínio ".com" ou ".net" foi redirecionado para
o serviço Site
Finder
da Verisign, que oferece uma
lista de alternativas semelhantes, entre as quais algumas são links pagos.
O novo serviço certamente concede à Verisign enorme controle sobre
o tráfego online, e permite que tire lucros do monopólio que tem
sobre os domínios .com e .net.


Como bem aponta o Pedro
Dória
, o serviço da Verisign
"criou pelo menos um grande problema para os bons provedores de acesso.
Os sistemas anti-spam que estes usam fazem com cada email uma série de
testes. Um dos mais básicos é checar se o domínio do remetente
existe. Como todos os domínios passaram a ter por referência uma
página da empresa, todos passaram a "existir".
"


Na sexta-feira o ICANN liberou um "advisory"
anunciando que, devido à preocupação de grande parte da
comunidade online sobre os efeitos nefastos do "Site
Finder
", estaria solicitando à Verisign que retirasse o serviço
do ar até que relatórios mais específicos pudessem determinar
o grau de prejuízo e interferência causados pela iniciativa no
ecossistema da web. Ontem a Verisign respondeu
dizendo que irá aguardar os dados técnicos com o serviço
no ar, e também formará um painel de técnicos independentes
para analisar a questão.


A IAB (Internet Architectural Board) publicou
comentários
sobre a ocorrência, onde afirma que o serviço da Verisign vai contra
"dois princípios básicos da arquitetura da rede que têm
servido bem à comunidade online por muitos anos: o "Princípio
da Robustez" ("Robustness
Principle"
) e o "Princípio da Menor Surpresa" ("The
Principle of Least Astonishment
"), que prega que um programa deve se
comportar de forma a causar menor surpresa ao usuário
" ("The
Register
").


Vamos acompanhar o imbróglio mas, como afirma
James Turner
, da Linux World, podemos
identificar padrões semelhantes desta ação com outras perpetradas
pelas grandes corporações no sentido de conseguir lucros fáceis
e rápidos no ambiente da web, em detrimento da saúde geral da
comunidade online e do novo mercado de TI. Vide SCO
vs Linux
, o caso
Verisign
, e o recentíssimo movimento da ISO
em transformar os códigos
de países e línguas
(como en-US), os quais são utilizados
por todos os browsers no mundo, em um item gerador de royalties.


O que este último movimento pode significar? Talvez tenhamos que pagar
uma taxa para poder colocar um código de país num documento HTML,
ou num pedaço de código em Java. Não importa que estes
códigos (uns 200 por país) tenham estado disponíveis por
toda a web e em livros de referência há vários anos. De
repente, o dispendioso trabalho
de mantê-los - talvez num arquivo de Excel - requer um pagamento que cubra
os custos. É mole?!?


UPDATE
01 (24/09/03)
: Paul
Vixie
, do Internet Software Consortium,
que desde 1980 é um dos principais arquitetos dos protocolos da rede
e principal autor do BIND (Berkeley
Internet Name Domain), que implementa o DNS
(Domain Name System) na grande maioria dos servidores de domínio na Internet.
Foi o primeiro a ser procurado pela comunidade online para avaliar o estrago,
e em ótima entrevista
à OnLamp, Paul descreve bem os pontos
onde a iniciativa da Verisign interfere no ecossistema da rede:



  1. nos filtros de spam - como já explicado pelo Pedro
    Dória

  2. monetarização de áreas comuns da rede - sugerindo
    que outras instâncias responsáveis por registros sigam o mesmo
    caminho de inventar lucros em espaços não proprietários.

  3. questões de privacidade - pense em URLs com strings fazendo
    uma query, às quais se mal formadas irão na situação
    atual, ser armazenadas nos logs da Verisign, contendo passwords, logins e
    outras informações sensíveis.

  4. violação de padrões - inúmeros procedimentos
    ficam comprometidos pois todos os domínios passam a "existir"
    (responder), e quem sabe se a Verisign não passará a oferecer
    aos navegantes a compra do domínio procurado...

  5. prejuízo aos princípios de internacionalização
    da rede
    - anteriormente, a busca de um nome retornaria a mensagem de erro
    detectando e processando a resposta na linguagem da aplicação.

  6. comportamento inesperado - veja "Princípio da Menor
    Surpresa" ("The
    Principle of Least Astonishment
    ")


Paul Vixie (o ISC) está disponibilizando
um patch
para atualizar o BIND, o qual contorna a ação
predatória da Verisign
. No entanto, não acredita que esta
seja a solução real para o problema. Sintetiza
a situação atual de maneira sensata:



"Algumas pessoas acreditam que a administração do DNS
é uma questão de confiança pública, e que a Verisign
apenas presta o serviço de tomar conta do sistema, não caracterizando
assim nenhuma relação de propriedade. E agora a Versign abusou
desta confiança. Isto parece ser verdade. Há alguns dias não
importava muito se a Verisign era proprietária ou apenas tomava conta
do sistema, mas agora este tema é da maior importância. A Verisign
chutou um "cachorro adormecido", e isto caracteriza um ato estranho.
Será que cabia à Verisign tomar esta decisão, de forma
unilateral? Não deveria a empresar ter buscado uma permissão
para tal? E se isto for verdade, qual seria a entidade com autoridade suficiente
para dar esta permissão? Como resultado termos um grande debate sobre
as políticas da rede. Alguém irá decidir se a permissão
era necessária, e alguém irá decidir a quem esta autoridade
deve ser delegada."



O que podemos fazer?

Aqui é
o abaixo assinado para o ICANN, e aqui
é um voto que você pode dar ao CEO da Verisign,
o vivaldino chamado Stratton
D. Sclavos
. E vamos acompanhando o assunto aqui no Ecologia
Digital
.

sexta-feira, setembro 12, 2003

Brazil is ráquer
- Felipe Fonseca no festival mundial de mídia tática

O
brother Felipe, do Metáfora,
desembarcou no velho mundo para participar do Next
5 Minutes
em Amsterdam, e já manda
sinal
. O N5M4 é um festival
que reúne arte, campanhas, experimentos em tecnologia de mídia
e política transcultural. Um pouco mais:



"O Next 5 Minutes é um festival ocasional de larga escala
sobre ações de mídia tática ao redor do mundo.
Baseado em Amsterdam, o evento reúne - em combinações
variadas - 4 culturas distintas mas que se sobrepõem: ativismo social
e político, artes visuais, experimentação radical em
mídia de comunicação eletrônica e teoria crítica.
Esta reunião de temas não acontece aleatoriamente, mas reflete
o nexo que se incorporou em grande número de trabalhos individuais
e projetos coletivos para formar um padrão reconhecível de práticas,
o qual chamamos mídia tática.


O
Next 5 Minutes existe para enfatizar a questão da mídia. Um
dos principais valores da mídia tática está em lidar
diretamente e pragmaticamente com questões de mediação
em um tempo onde o acesso ao discuros público é obtido primariamente
através de mídia eletrônica. Neste contexto, exploramos
os formatos nos quais assuntos sociais e culturais de importância vital
são tratados em um ambiente de mídia em estado de expansão
radical e complexidade sem precedentes."



Vale à pena sacar a apresentação do Felipe, que deve estar
acontecendo agora, com o tema Brazil
is Hacker
:



"Povo Hacker - só 500 anos de história

O Brasil é Parangolé.
Hacker tropicalista que encontra na tecnologia a possibilidade de modificar
a linguagem da cultura tupiniquim. Parangolé você mesmo faz.
O Parangolé a gente mesmo faz. Colaboração na veia."



Estão por lá também o Ricardo Rosas (Rizoma.net),
Tatiana Wells (a do barraco
global
) e Ricardo Ruiz. Estaremos
acompanhando para trazer o que for relevante e pertinente.


UPDATE 01: No clima,
vale conferir o artigo do HD
na NovaE:
Parangolé
Brasil - No futuro seremos todos hackers



"Isto faz parte de uma nova maneira de pensar. Trabalhar para satisfazer
as necessidades vitais. Buscar a satisfação nas tarefas rotineiras.
Fazer da nossa existência algo mais importante. A internet facilita
esta aproximação. Libera a mente humana para estabelecer a diversidade.
O meio digital abre espaço para a criatividade. Estamos constantemente
trocando informações e recriando conceitos, seja com programas,
palavras ou imagens. O artesão volta à cena após tanto
tempo de segregação.
"



UPDATE02: O FF
mandou bem blogando lá dos países baixos (baixos?!),
e um link a se destacar é o diretório de ferramentas para mídia
tática. Quem for experimentando que vá compartilhando os resultados,
quem não viu, olha lá:



PLUG - The
Tactical Media Tool Builders Fair - Tools Featured at the Fair


quarta-feira, setembro 10, 2003

Buzz-i-metro, ou medidor temático da blogosfera
- Mais um termômetro das conversas no ambiente digital

Vi o Buzz-i-metro lá no Dave
Pollard
, e achei legal de postar aqui no Ecodigital.
A ferramenta monitora o número total de menções que um
determinado tema recebeu nas últimas dez semanas, e a tendência
semanal para até cinco temas de uma vez.
e monte o seu próprio Buzz-imetro (Buzz-o-meter). Olha
aí o meu:





domingo, setembro 07, 2003

Fama versus Fortuna
- Bom artigo sobre a economia do conteúdo grátis

Ao plantar no início do ano uma discussão sobre as leis de poder
que atuam na blogosfera ("Power
Laws, Weblogs, and Inequality
"), Klay
Shirky
gerou boas discussões aqui
e ali.
Esta semana publicou um bom artigo especulando sobre
o futuro dos micropagamentos
(micropayments) na web, onde achei esta interessante
descrição macroeconômica sobre o efeito da rede no binômio
Fama e Fortuna.



"A publicação analógica gera custo por unidade
- cada livro ou revista requer uma certa quantidade de papel e tinta, e gera
cutos de armazenagem e transporte. A publicação digital não.
Com um computador e acesso à Internet, você postar uma entrada
de blog, ou cem, para dez leitorres ou dez mil, sem pagar nada por postagem
ou por leitor. Na verdade, dividindo custos iniciais pelo número de
leitores significa que o conteúdo se torna mais barato na medida em
que se torna mais popular - o oposto do mundo analógico.


O fato de que o conteúdo digital pode ser distribuído sem
nenhum custo adicional não explica o enorme número de pessoas
criativas que disponibilizam seu trabalho de graça. Ao final, ainda
estão investindo seu tempo sem receber nenhum pagamento por isso. Porque?


A resposta é simples: criadores não funcionam como publishers,
e colocar o poder de publicar diretamente em suas mãos não os
transforma em publishers. Faz deles artistas com impressoras. Isto faz diferença
agora, porque pessoas criativas buscam a atenção de forma diferente,
mas antes da Internet isso pouco importava. O gasto de publicar e distribuir
material impresso é muito grande para ser oferecido gratuitamente e
em quantidades ilimitadas - mesmo livros "vanity press" tem algum
preço. Hoje um indivíduo pode atender uma audiência de
centenas de milhares como um hobby, sem nenhum publisher por perto.


Esta situação desmantela a velha equação
de "Fama e Fortuna". Para um autor ser famoso muitas pessoas tinham
que ler seus livros, e pagar por eles. Fortuna era um efeito colateral de
se alcançar fama. Agora, com o poder de publicar diretamente em suas
mãos, muitas pessoas criativas estão diante de um dilema que
nunca tiveram antes: Fama X Fortuna.
"



Fame
vs Fortune: Micropayments and Free Content


Klay Shirky


Em outro trecho, Shirky especula sobre a natureza do conteúdo grátis:



"O conteúdo grátis é o que os biólogos
chamariam de estratégia
evolucionária estável
. É uma estratégia que
funciona bem quando ninguém mais a esta utilizando - é bom ser
a única pessoa oferecendo conteúdo grátis. E é
também uma estratégia que continua a funcionar se todos passam
a utilizá-la, pele fato de que em tal ambiente, quem começar
a cobrar por seu trabalho estará em desvantagem
."


quarta-feira, setembro 03, 2003

Guia do cidadão para as ondas do ar
- O manual do espectro

A
New America Foundation, partindo
do princípio de que na sociedade da informação o mais valioso
bem público (recurso natural?) é o espectro
eletromagnético
- ou "as ondas do ar" (airwaves) - mantém
um programa de Política de Espectro (Spectrum
Policy
), e recentemente editou o "Guia do cidadão para as
ondas do ar
" (The
citizen's guide to the airwaves
).


É um super material para quem quer ficar por dentro do assunto, bem
ilustrado e fácil de multiplicar. Para saber um pouco mais sobre as questões
políticas que envolvem a regulamentação deste assunto,
também sugiro "O
mito da interferência no espectro de rádio
", de David
Weinberger
, publicado no Ecologia
Digital
.


O
Manual
da NAF
didaticamente divide o espectro em quatro zonas (clique
para ver todo o espectro
):



  • zona permeável

  • zona semi-permeável

  • zona de avistamento longo

  • zona de avistamento curto


A radio FM (em 88 MHz) é um exemplo de uma aplicação na
zona permeável. Você pode usar rádio FM em qualquer lugar
sem se preocupar se as paredes irão bloquear a recepção.
A maior atratividade dos modernos telefones celulares (que usam bandas entre
800 MHz e 2 GHz) é a promessa de acessibilidade em qualquer lugar, a
qualquer hora.


O serviço de rádio por satélite (em 2.320 GHz), por exemplo,
é uma aplicação na zona semi-permeável, e a TV por
satélite (em 12.2 GHz) é um exemplo de aplicação
que faz uso da zona de avistamento longo. Este tipo de sinal de TV pode viajar
por 35 km entre o satélite e o seu receptor, contanto que nada esteja
no caminho. Uma árvore ou mesmo uma chuva pesada poderá bloquear
o sinal. Como regra, a permeabilidade de um sinal de rádio diminui na
medida em que a frequência aumenta, e o valor econômico do espectro
aumenta com a sua permeabilidade (capacidade de penetrar objetos).


Sabemos que a infra-estrutura é determinante na manutenção
dos princípios de liberdade do ambiente digital. É importante
que estejamos atentos às questões que envolvem os insumos básicos
do funcionamento da rede, acompanhando as decisões políticas no
tema (clique
para ver o último documento da Anatel
no assunto).

terça-feira, setembro 02, 2003

Alerta ambiental no espaço da rede
Donos do Kazaa usam o DMCA para censurar o Google

Deu no Slashdot
que a Sharman Networks,
dona do Kazza,
entrou com uma reclamação
oficial
contra o Google, proibindo-o de retornar determinados endereços
que ofereciam download do Kazaa-lite.
Na página
que retorna a busca ao Kazaa-lite o Google apresenta sua
política
em relação ao DMCA,
e o link para o
documento
que determina a censura.


Para quem não conhece, o Kazaa lite
(altamente recomendável - veja
faq
) é o mesmo Kazaa,
aplicativo P2P
que compartilha arquivos de qualquer tipo na internet, só que
extirpado das irritantes propagandas, "pop-ups", banners, e programas
"espiões" (spyware) do Kazaa convencional. Foi melhorado (e
continua sendo) pela comunidade hacker,
o que representa um serviço compartilhado com todos os usuários
da rede.


Para a comunidade P2P fica
claro
que a Sharman
está usando as mesmas
táticas do RIAA
, ou seja, mudando de lado e se valendo da lógica
perversa do DMCA
para impedir a inovação nas ferramentas da rede e "se dar
bem" - reservando boa parte do mercado para sua plataforma (agora) proprietária.
Que vergonha, Kazaa (not so lite)!! E o que nós temos a ver com isso?
No meu entender abre espaço para algumas especulações teóricas.


Aproveito
para indicar um texto (meio antigo) do Geert
Lovink
(ABC
da Mídia Tática
) que publiquei
no site
: Una Reciente
Historia de la Cybercultura de los 90'tas
. O artigo aborda o conceito das
TAZ - Temporary Autonomous
Zone
, de Hakim Bey,
para explicar, numa visão pessimista, o fracasso da Internet em realizar
as promessas libertárias do mundo underground. Lovink parecia acreditar
(ao final da década passada) que o mundo corporativo havia vencido a
guerra na rede, decretando a morte do anarquismo hacker.

(vale à pena ver o novo
livro de Geert Lovink
)


Nós da Ecologia Digital, que ainda acreditamos na capacidade revolucionária
da rede, ficamos com o posicionamento do Doc
Searls
sobre a mágica que vigora na colobaração específica
do éter digital, sobre o qual
bloguei anteriormente
:


"...os clientes se tornaram mais ariscos do que nunca.
As escolhas continuaram a crescer ao ponto deles mesmos desenvolverem suas próprias
"soluções" para todos os problemas que os fornecedores
obcecados por "branding" falharam em solucionar. Os tecnólogos
estão na liderança deste movimento oferecendo, e escolhendo, mais
coisas que simplesmente realizam o serviço melhor do que outras coisas
- ou coisas que fazem o serviço tão bem e por menos dinheiro."

"Doc
Searls - Linux SuitWatch - June 19
"


E para terminar, em se falando em TAZ (ou ZATs), não posso deixar de
mencionar que os blogs
de Bagdá
estão mais interessanes do que nunca. Não
só o do famoso Salam Pax,
que hoje é também articulista
do Guardian
, e recentemente teve a
casa dos pais invadida
em Bagdá, mas agora também o de uma
geek
iraqueana(?)
mais do que esperta (Baghdad
Burning
), que publica relatos que parecem scripts cinematográficos
sobre o horror que a ocupação americana causa no Iraque. Zona
Autônoma Temporária?


Ah, antes que me esqueça, aí vão outros kazzas vitaminados
oferecidos na rede: Kazza
Hack
, Kazaa Diet,
... e o melhor deles (recomendo): Kazaa
Lite K++ 2.4.2
.


Mantenha a Internet Livre.