Na rede

domingo, novembro 17, 2002

Rádios Comunitárias na pauta: Evento da AMARC mobiliza agentes sociais por uma nova comunicação no país

O Seminário está se encerrando, e blogar offline realmente não é a "coisa real". Mas vou por aqui organizando os pensamentos ainda no clima de festa de um encontro efetivo e bem realizado. De onde estou vejo o Hudson Carlos da Rádio Favela (mais aqui) mandando ver no rap da Rádio Comunitária, acompanhado por Armando Coelho Neto, jornalista e Presidente da Federação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, que está lançando o livro "Rádio Comunitária não é crime" (Ícone Editora, tel. 11 - 3666.3095) .

A sensação que fica é que encontros deste tipo vão ser a boa onda da hora, e o entusiasmo da turma reflete a esperança que o novo governo inspira para os defensores da democratização das comunicações. Minha presença teve o objetivo de colocar a colher da Ecologia Digital neste caldo das Rádios Comunitárias, à princípio para conhecer a briga dessa turma pelo direito a comunicar, e na medida do possível apresentar as boas perspectivas do ambiente digital para o caso.

O peculiar momento político, acrescido da situação "estranha" do processo decisório do governo no setor da telecomunicação, indica que uma abrangente discussão sobre a democratização dos meios de comunicação é urgente. O programa do PT no âmbito da Comunicação Social, segundo informações no evento, está sendo formulado por Bernardo Kucinsky, o que tranqüiliza um pouco a turma. Mas a fragmentação política na abordagem a tão complexo tema indica que "as bases precisam ser ouvidas" (bordão do momento) para a definição do novo marco regulatório.

Nesta discussão tem papel de destaque o Conselho de Comunicação Social, que estava representado pela Berenice Mendes, integrante da Comissão de Trabalho do CCS e da Diretoria Executiva do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC). Ficou a idéia da AMARC (Associação Mundial de Rádios Comunitárias, promotora do evento) sugerir ao FNDC a realização de um evento abrangente que possa prover subsídios à formulação do programa de governo para o setor, assim como restabelecer o Fórum como espaço legítimo da discussão sobre a democratização da comunicação.

Mas existem questões práticas a serem atacadas, como as vozes, antenas e microfones (além de CDs, MDs, etc) ainda hoje retidos pela PF com mandatos da ANATEL, em virtude das distorções contidas na lei 9.612, que regulamenta o exercício das rádios comunitárias.

Para isso será lançada a campanha "Libertem nossos Presos", que estaremos apoiando diretamente aqui no Ecologia Digital. Formação de agentes comunicadores, advogados populares (para socorrer os comunicadores presos), e caravanas de visita entre as rádios para intercâmbio foram outras propostas surgidas em meio à animação do final da festa.

De nossa parte, a surpresa foi perceber que éramos o único notebook presente ao evento, e que apenas poucas das rádios representadas fazem alguma utilização das possibilidades da web para a integração de sua atuação. Fiquei sabendo da situação indesejável da lei que atualmente regulamenta o funcionamento das RC, que limita frequência, potência, e ainda por cima veta (!) a formação de redes.

Liberdade de rede seria o primeiro ponto onde poderíamos colocar a colher da Ecologia Digital no caldo das Rádios Comunitárias. Sugestões da comunidade?

Estaremos ligados nos resultados que irão surgir em decorrência deste evento, agradecendo o vibrante entusiasmo da Taís Ladeira da AMARC - Brasil (cérebro, motor e graça do evento) pela oportunidade de conhecer esta turma tão interessante da Rádio Magnífica (Goiânia), que também participa da seção local do Centro de Mídia Independente, da Rádio Bicuda (RJ), Rádio Muda (Campinas), Rádio Rala Coco (Brasília), TV Viva, Rádio Terra (Uberaba), etc...

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